Drogas
Palavras da "Maria"
Primeiro deixa-me dizer que falar do passado é sempre doloroso, e a
maneira que eu achei para lidar bem com ele, foi fazer do presente uma
dádiva, o passado fica exactamente onde ele está no passado onde ninguém
quer estar outra vez .
O conceito família para mim também é
muito importante e mesmo não sendo a melhor família, com todos os
defeitos possíveis, quem ama sabe procurar o melhor de cada um e foi
isso que me fez nunca desistirEntão assim inicia a primeira entrevista da Princesa, será com a "Maria" que teve 2 irmãos envolvido em drogas!
1- O que é ter um irmão toxicodependente?
Eu tenho 2 irmãos doente, é isso que a droga provocou nos meus irmão , uma doença que embora seja controlada nunca nos é esquecida,depois de a toxicodependência entrar na tua vida é para sempre lidar com 2 irmão doente é difícil, e avassalador..
2 - Quantos anos tinhas quando descobriste que tinhas dois dos teus irmãos homem na droga?
Eu era muito pequena , foi na década de 1980, consciência tomei com 10 a 12 anos
3- Porque que assim que descobriram que eles se dragavam não tentaram ajuda-los?
Aquele tempo não era como o tempo de hoje, não havia informação e droga era um mundo novo, e como tudo que não conhecemos temos tendência a ignorar., a droga era quase como ter o vicio do tabaco.
4- Que idade tinhas quando eles pediram ajuda?
Tinha 17 a fazer 18 anos , já a muito que eu vinha a pedir a tentar fazer alguma coisa, já tinha percebido que não era como um cigarro, este vicio consumia os meus irmão, consumia a família, a droga tornou se mãe, amante, mulher, tornou se tudo o centro do mundo dos meus irmãos. E por mais que tentássemos ajudar , se não for por livre vontade de deixar o próprio mundo deles não é possível fazer nada, então foi um alivio e muito assustador ao mesmo tempo perceber que estava na hora de ajudar e sem olhar para trás, sem julgamentos .
5- O que passou na cabeça de uma menina/mulher com apenas 18 anos de idade ao saber que teria que ajudar dois dos três irmãos a se livrar do pior vicio que há?
Naquele momento não passou nada , simplesmente arregacei as mangas e fui a procura de ajuda , fui habituada desde de muito nova que ou fazes ou ninguém faz por ti, então fiz. A ficha só caiu alguns anos mais tarde, quando tive tempo para respirar para pensar no que tinha acontecido.
6- Qual foi a tua primeira iniciativa?
Procurar ajuda no local de mais a proximidade, no médico de família, tentar que me orientasse e me dessem uma direcção, não é um processo fácil
7- Como reagiram os teus pais com toda a situação?
O meu pai estava apático a toda a situação, alheio mesmo, na altura fez me confusão essa reacção causou me mesmo muito raiva, mas olho para trás e consigo ver o desespero do meu pai foi a melhor maneira de se defender de lidar com tudo aquilo. A minha mãe já tinha o desespero estampado no rosto, mas tinha 2 netos ( do irmão mais velho doente) para cuidar então foi mais fácil para ela deixar isso nas minhas costas, concentrou se nos netos foi como ela lidou, a sua maneira.
8- Quais eram as drogas que eles consumiam?
As mais pesadas! Heroína, cocaína, axis, anfetaminas.
9- Como eles tiveram acesso a elas?
Naquela altura tudo era um mundo novo, as experiências entre amigos , o álcool, os cigarros..As discotecas proliferaram nessa década e tudo o que nos faz sair do mundo normal monótono é sempre um bom pretexto para experimentar, não há informação nem há ainda evidencias que o que nos parece ser muito bom nos leva a vida em troca. A droga é otima, faz nos sentir muito bem , se assim não fosse qualquer 1º experiência seria para nunca mais repetir .
10- Já viste alguma vez eles a consumirem ou a se injectarem?
Sim, vi sempre e ajudei algumas vezes.
Beijinhos:-)
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